Três Reais e Vinte Centavos

Já estava na hora. Era uma revolta anunciada. Outras capitais e cidades do Nordeste e Sul do país estavam há algum tempo realizando passeatas e protestos contra os abusivos aumentos das tarifas do transporte público. 


Já estava na hora de São Paulo e Rio, capitais econômica e turística do Brasil, levantarem sua voz. Não é apenas pelos 20 centavos de aumento como muitos falam. São pelos sucessivos aumentos que os sucessivos prefeitos e governadores arrancam sem dó dos bolsos alheios.

Esses protestos na verdade são um não a esse transporte cada vez mais caro, ineficiente e, em alguns lugares, sucateados ainda; um não a essa política corporativista que não representa e nem atende aos anseios da maioria.

Não é apenas 3,20 de tarifa. Esse valor é um símbolo, um estopim de que a partir de agora a população não vai engolir a seco qualquer nova tarifa ou imposto que seja e ficar calada. Sairemos às ruas sim, postaremos nossas opiniões nos mil e tantos cantos da internet se preciso for. Sem violência, no entanto. E de ambas as partes, porém.

Se quebraram e picharam ônibus e estabelecimentos, que seja refutada essa atitude de forma legal e não pelas ações descabidas da P.M.

Falta de cultura, educação, saúde, trabalho e moradia também são formas de violência. E o povão é violentado todos os dias. A gota d’água, quem diria, foram apenas três reais e vinte centavos.

O protesto tem que ser livre ou não tem democracia.

O Estado ainda tem resquícios do regime ditatorial do século passado e o atual governo, liderado por elementos reprimidos daquela época, contraditoriamente, mantém o perfil repressor.

A mudança que estava anunciada não foi mudança afinal. Mas algo tem que mudar, quem sabe não é agora. Já está mais do que na hora. 

Comentários

  1. Nossos direitos básicos estão sendo minados a cada dia. Temos que começar a nos mexer.

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